terça-feira, 13 de abril de 2010

Elfos no Folclore Inglês


A palavra elf do inglês moderno vem do inglês antigo ælf (pl. ælfe, com variantes como ylfe e ælfen). Originalmente, referia-se aos elfos da mitologia nórdica, mas também as ninfas dos mitos gregos e romanos foram traduzidas pelos monges anglo-saxões como ælf e suas variantes.
Elf-shot (ou elf-bolt ou elf-arrow, "flecha élfica") é uma palavra encontrada na Escócia e Norte da Inglaterra desde o século XVI, inicialmente com o sentido de "dor aguda causada por elfos", mas que depois passou a denotar pontas de flecha de pedra lascada, do neolítico, que no século XVII eram atribuídas pelos escoceses aos elfos e usadas em rituais de cura. Supostamente eram também usadas por bruxas (e, talvez, elfos) para causar mal a pessoas e gado. Tufos de cabelo embaraçado eram chamados elf-lock ("madeixa élfica") e supostamente causados por travessuras dos elfos. Paralisias repentinas eram às vezes atribuídas a golpes élficos.
A maioria dos elfos mencionados em baladas medievais inglesas são do sexo masculino e freqüentemente de caráter sinistro, inclinados ao estupro e assassinato, como o Elf-Knight ("Cavaleiro Elfo") que rapta a rainha Isabel. A única elfa mencionada com freqüência é a Rainha dos Elfos, ou da Elfland.
Já nos contos populares do início da Idade Moderna, os elfos são descritos como entidades pequenas, esquivas e travessas, que aborrecem os humanos ou interferem em seus assuntos. Às vezes, são consideradas invisíveis. Nessa tradição, os elfos se tornaram sinônimos das "fadas" originadas da antiga mitologia céltica, como os Ellyll (plural Ellyllon) galeses.

Elfos cavalgam caracóis, detalhe de Marcha Triunfal do Rei Elfo", de Robert Doyle

Mais tarde, a palavra elf, assim como o termo literário fairy, evoluiu para denotar, em geral, vários tipos de espíritos da natureza, como pwcca, hobgoblin, Robin Goodfellow, o brownie escocês e assim por diante. Esses termos não são mais claramente distinguíveis no folclore e passaram a ser equivalentes do igualmente genérico termo português encantados.
Uma lenda diz que se alguém espalhar folhas de escambroeiro ou espinheiro-cerval (Rhamnus cathartica, em inglês blackthorn, de frutos purgativos) em um círculo e dançar dentro dele sob a lua cheia, aparecerá um elfo. O dançarino deve ver o elfo e dizer, Halt and grant my boon! ("Pare e me dê a bênção!") antes que ele fuja. O elfo atenderá então a um desejo.


Marcha Triunfal do Rei Elfo à Noite de Richard Doyle, 1870

William Shakespeare imaginou os elfos como pequeninos e aparentemente os considerou sinônimos de fairies. Em Sonho de uma Noite de Verão, seus elfos são quase tão pequenos quanto insetos.
Embora Edmund Spenser tenha aplicado o nome de elf a seres de tamanho humano em The Faerie Queene, a influência de Shakespeare e Michael Drayton transformou em norma o uso dos termos elf e fairy para seres muito pequenos. Na literatura vitoriana, costumam aparecer em ilustrações como pessoinhas com orelhas pontudas e gorros ou capuzes. Um exemplo é o conto de fadas Princesa Ninguém, de Andrew Lang (1884), ilustrado por Richard Doyle, no qual fairies são pessoinhas com asas de borboleta e elves são pequeninos com gorros vermelhos.


Referências Bibliograficas:

Rosane Volpatto

Hall, Alaric Timothy Peter. 2004. The Meanings of Elf and Elves in Medieval England (Ph.D. University of Glasgow). pp. 56-57.

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